Quando só precisamos imitar os medíocres e caminhar na mesma direção.
Quando não precisamos atender qualquer exigência de vida disciplinada, só precisamos estar atualizados com as últimas novidades do varejão gospel.
Quando vamos à igreja procurando entretenimento, e é isso mesmo que encontramos.
Quando o parâmetro de vida piedosa são as pessoas rasas da comunidade, ou pior ainda, o avivalista "itinerante" metido a profundo e sua fabriquinha de ilusões. Gente que insiste em reduzir Deus a uma equação matemática e a "tão grande salvação" a um sistema de gratificação e castigo.
Quando o "fogo" do Espírito (será?!) é mais importante do que o fruto do Espírito (Gl.5.22).
Quando o culto serve para aliviar as tensões e justificar o "vale-tudo nosso de cada dia", ou seja, apenas um momento de catarse em que Deus não passa de um coadjuvante de luxo e nunca o centro da reunião.
Quando ser fiel é mesquinhamente ser dizimista e ofertante. Esse tipo de dízimo é apenas o "pedágio da alienação", uma espécie de indulgência, pois se sou fiel apenas dizimando não importa o resto.
Quando a Ceia não tem relevância, a não ser como clímax do fetiche hipocondríaco generalizado, porque hoje se você entrar em algumas igrejas com saúde, logo arrumarão uma doença pra você, pois o culto (será?!) tem que ter cura! É a ressurreição da velha máxima de repartição pública: "Criar dificuldade para vender facilidade".
Quando a ordem é cantar sem pensar no conteúdo do que se canta, e de preferência os hits triunfalistas do momento. Isso inclui as músicas longas de uma frase só, os mantras evangélicos, música "pra sentir", as aberrações teológicas do tipo que convidam Jesus para entrar em casa depois de anos na igreja, ou as vitórias revanchistas com sabor de mel, ou ainda as chuvas intermináveis que não causam inundações. Enfim, como diria Stanislaw Ponte Preta, todo o repertório do FEBEAPA (Festival de Besteira que Assola o País).
É fácil ser crente no evangelho da "graça barata", pois como disse Bonheffer:
"Graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina comunitária, é a Ceia do Senhor sem confissão de pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, sem cruz, graça sem Jesus vivo, encarnado. A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o ser humano sai e vende com alegria tudo quanto tem; a pérola preciosa, para cuja aquisição o comerciante se desfaz de todos os seus bens; o senhorio régio de Cristo, por amor do qual o ser humano arranca o olho que o faz tropeçar; o chamado de Jesus Cristo, pelo qual o discípulo larga as redes e O segue." (Bonhoeffer. Discipulado, Ed Sinodal,2004, p.10).
Que o Senhor nos livre desse evangelho de conveniências e facilidades, pois é "outro evangelho" (Gl 3.8).
domingo, 4 de outubro de 2009
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